
Bateria de Questões de História – 1º Ano EM
1) Impossibilitados de defender o reino, os soberanos delegaram poder aos senhores feudais. Por isso, e com vistas a se auto protegerem, os senhores procuraram relacionar-se diretamente. Sobre a citação é correto afirmar:
a) A relação de suserania e vassalagem serviu para preservar a situação inferior do servo.
b) A descentralização política fez com que os reis desaparecessem.
c) O rei tornou-se vassalo dos grandes barões, perdendo suas terras.
d) Retrata relações elitizadas, baseadas na fidelidade e em obrigações recíprocas.
e) Demonstra o poder da Igreja sobre o rei e a nobreza.
2) Os mosteiros eram em primeiro lugar casas, cada uma abrigando sua “família”, e as mais perfeitas, com efeito, as mais bem ordenadas: de um lado, desde o século IX, os mais abundantes recursos convergiam para a instituição monástica, levando-a aos postos avançados do progresso cultural; do outro, tudo ali se encontrava organizado em função de um projeto de perfeição, nítido, bem estabelecido, rigorosamente medido.
(Georges Duby. “A vida privada nas casas aristocráticas da França feudal”.
História da vida privada, vol. 2, 1992. Adaptado.)
A caracterização do mosteiro medieval como uma “casa”, um “posto avançado do progresso cultural” e um “projeto de perfeição” pode ser explicada pela disposição monástica de
a) valorizar a vida privada, participar ativamente da vida política e combater o mal.
b) recuperar a experiência histórica e pessoal do Salvador durante sua estada no mundo dos vivos.
c) recolher-se a uma comunidade fechada para orar, estudar e combater a desordem do mundo.
d) identificar-se com as condições de privação por que passavam as famílias pobres, celebrar a tradição escolástica e agir de forma ética.
e) reconhecer a humanidade como solidária e unida num esforço de salvação da alma dos fiéis e dos infiéis.
3) “Uma categoria inferior de servidores que coexiste nas grandes casas com os domésticos livres são os escravos. Um recenseamento enumera em Gênova, em 1458, mais de 2 mil. As mulheres estão em uma proporção esmagadora (97,5%) e 40% não têm ainda 23 anos. São totalmente desamparadas; todos na casa a repreendem, todos batem nela (patrão, mãe, filhos crescidos) e os testemunhos de processos em que elas comparecem mostram-nas vivendo, frequentemente no temor de pancadas. Em Gênova e Veneza, a escrava-criada é essencial no prestígio das nobres e ricas matronas.
(Adaptado de Charles De la Roncière, “A vida privada dos notáveis toscanos no limiar da Renascença”, em Georges Duby (org.), História da vida privada – da Europa feudal à Renascença, vol 2. São Paulo: Companhia das Letras, 1990, p. 235-236.)
Sobre o trabalho nas cidades italianas do período em questão, podemos afirmar corretamente que:
a) O declínio da escravidão está ligado ao novo conceito antropocêntrico do ser humano e a uma nova dignidade da condição feminina no final da Idade Média.
b) O trabalho servil era predominantemente feminino e concorria com o trabalho escravo. A escravidão diminuiu com essa concorrência, desdobrando-se no trabalho livre.
c) Conviviam inúmeras formas de trabalho livre, semilivre e escravo no universo europeu e a sobreposição não era, em si, contraditória.
d) O uso do castigo corporal igualava as escravas a outros trabalhadores e foi o motivo das rebeliões camponesas do período (jacqueries) e agitações urbanas.
4) “Assim como o camponês, o mercador está a princípio submetido, na sua atividade profissional, ao tempo meteorológico, ao ciclo das estações, à imprevisibilidade das intempéries e dos cataclismos naturais. Como, durante muito tempo, não houve nesse domínio senão necessidade de submissão à ordem da natureza e de Deus, o mercador só teve como meio de ação as preces e as práticas supersticiosas. Mas, quando se organiza uma rede comercial, o tempo se torna objeto de medida. A duração de uma viagem por mar ou por terra, ou de um lugar para outro, o problema dos preços que, no curso de uma mesma operação comercial, mais ainda quando o circuito se complica, sobem ou descem _ tudo isso se impõe cada vez mais à sua atenção. Mudança também importante: o mercador descobre o preço do tempo no mesmo momento em que ele explora o espaço, pois para ele a duração essencial é aquela de um trajeto. Jacques Le Goff. Para uma outra Idade Média. Petrópolis: Vozes, 2013. Adaptado.
O texto associa a mudança da percepção do tempo pelos mercadores medievais ao
a) respeito estrito aos princípios do livre comércio, que determinavam a obediência às regras internacionais de circulação de mercadorias.
b) crescimento das relações mercantis, que passaram a envolver territórios mais amplos e distâncias mais longas.
c) aumento da navegação oceânica, que permitiu o estabelecimento de relações comerciais regulares com a América.
d) avanço das superstições na Europa ocidental, que se difundiram a partir de contatos com povos do leste desse continente e da Ásia.
e) aparecimento dos relógios, que foram inventados para calcular a duração das viagens ultramarinas.
5) “Todos os testemunhos concordam em situar a origem da peste na Ásia Central, onde ela existia em estado endêmico. O grande viajante Ibn Batouta, que visitou a Índia Meridional pouco depois de 1342, assinalou-a ali. Em 1347, os próprios mongóis, que sitiavam o estabelecimento mercantil genovês em Caffa, no mar Negro, foram atingidos e, por um requinte de crueldade, enviaram vários cadáveres para a cidade através de suas máquinas de guerra. Um navio que partiu de Caffa para a Itália semeou, na passagem, a peste em Constantinopla […] depois chegou a Gênova: quando se deram conta do mal que transportavam e ordenaram que partisse, era tarde demais. A peste atacava a Itália pelos portos. As cidades do interior não souberam organizar nenhuma defesa. “
Fonte: WOLFF, Philippe. Outono da Idade Média ou Primavera dos Tempos Modernos? São Paulo: Martins Fontes, 1988. p. 15. (adaptado)
A análise permite associar a rápida propagação da Peste Negra, na Baixa Idade Média europeia, a fatores, como
a) o êxito das navegações ibéricas na abertura do caminho marítimo para as Índias orientais.
b) a retomada das peregrinações a Jerusalém após a vitória dos cristãos europeus nas guerras das Cruzadas.
c) o aumento do intercâmbio comercial entre a China e os países europeus, intercâmbio esse estimulado e protegido nos domínios do Império Mongol.
d) a intensificação das transações econômicas entre o Ocidente europeu, em pleno renascimento comercial urbano, e o Oriente, através das cidades italianas e de Constantinopla.
e) o dinamismo comercial dos Turcos Otomanos, ao transformarem a Constantinopla bizantina na Istambul moderna.
6) A partir dos conhecimentos da história do feudalismo europeu, pode-se inferir que, na ilustração,
a) as classes sociais relacionavam-se de forma harmoniosa por incorporarem em suas mentes os princípios elementares do cristianismo.
b) os grupos sociais poderiam modificar-se ao longo do tempo, pois isso dependia fundamentalmente da vontade do poder divino do papa.
c) as terras dos feudos eram divididas igualmente entre os vários segmentos sociais, priorizando-se os que dependiam dela para sobrevivência.
d) a organização social possibilitava a mobilidade, permitindo a ascensão dos indivíduos que trabalhassem e acumulassem riqueza material.
e) a estrutura da sociedade era marcada pela ausência de mobilidade, sendo caracterizada por uma hierarquia social dominada por uma instituição cristã.
7) “Tem-se como absolutamente certo que, a partir do fim do século VIII, a Europa Ocidental regrediu ao estado de região exclusivamente agrícola. É a terra a única fonte de subsistência e a única condição de riqueza. Todas as classes da população, desde o imperador, que não possuía outras rendas além das de suas terras, até o mais humilde dos servos, todos viviam direta ou indiretamente, dos produtos do solo, fossem eles fruto de seu trabalho, ou consistissem, apenas, no ato de colhê-los e consumi-los. […] Toda a existência social funda-se na propriedade ou na posse da terra.” (PIRENNE, H. “História econômica e social da Idade Média”. São Paulo: Mestre Jou, 1968. p.13.)
De acordo com os conhecimentos sobre o tema e a sociedade feudal europeia, é correto afirmar:
I. As terras comunais, pastagens naturais, pântanos e florestas eram consideradas propriedade legítima dos camponeses.
II. O rei, considerado soberano absoluto, tinha o poder de administrar os feudos de seus súditos.
III. Os laços de vassalagem também se realizavam entre os senhores feudais.
IV. Os servos eram obrigados a prestar serviços nas terras do manso senhorial para o sustento do senhor feudal.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas.
a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.
8) Durante o feudalismo europeu, este tipo de obrigação, que era cumprida através de trabalho gratuito nas terras senhoriais, era denominada de
a) talha.
b) banalidades.
c) mão-morta.
d) pedágio.
e) corveia.
9)Relacione o Renascimento Urbano e Comercial com as Cruzadas, ambos episódios históricos delimitados entre os séculos XI e XIII.
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10)Objeto de inúmeras críticas – muitas procedentes – a Igreja católica foi uma das mais importantes instituições medievais europeias, influenciando a sociedade, a cultura, a economia etc. Indique pelo menos DUAS formas de atuação da Igreja que tenham um caráter positivo e contrário àquela imagem de uma instituição meramente repressiva, fanática e obscurantista.
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11) “O trono real não é o trono de um homem, mas o trono do próprio Deus. Os reis são deuses e participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor…” (Jacques Bossuet.) Essa afirmação refere-se ao contexto?
a) do século XII, na França, no qual ocorria uma profunda ruptura entre Igreja e Estado pelo fato de o Papa almejar o exercício do poder monárquico por ser representante de Deus.
b) do século X, na Inglaterra, no qual a Igreja Católica atuava em total acordo com a nobreza feudal.
c) do século XVIII, na Inglaterra, no qual foi desenvolvida a concepção iluminista de governo, como está exposta.
d) do século XVII, na França, no qual se consolidavam as monarquias nacionais.
e) do século XVI, na Espanha, no momento da união dos tronos de Aragão e Castela.
12) Pelo Edito de Nantes, em 1598, Henrique IV da França
a) reprimiu violentamente os protestantes em Paris, no acontecimento conhecido como “A Noite de São Bartolomeu”.
b) instituiu a cobrança de impostos territoriais somente para os protestantes franceses.
c) estabeleceu a igualdade política entre os diferentes credos.
d) diminuiu o poder dos católicos franceses, assegurando a supremacia política aos huguenotes.
e) concentrou todo o poder em suas mãos, implantando o absolutismo na França.
13)Oriundo da crise do feudalismo, o Estado Absolutista representou a organização política dominante na sociedade europeia entre os séculos XV e XVIII, podendo ser caracterizado pela:
a) supressão dos monopólios comerciais, possibilitando o desenvolvimento das manufaturas nacionais.
b) quebra das barreiras regionalistas do feudo e da comuna, agilizando e integrando a economia nacional.
c) abolição das formas de exploração das terras típicas do feudalismo, tornando a sociedade mais dinâmica.
d) ascensão política do grupo burguês, que passa a gerir o Estado segundo seus interesses particulares.
e) ausência efetiva de instrumento de controle, quer no plano moral ou temporal, sobre o poder do rei.
14) “O soberano não é proprietário de seus súditos. Deve respeitar sua liberdade e seus bens em conformidade com a lei divina e com a lei natural. Deve governar de acordo com os costumes, verdadeira constituição consuetudinária. (…) O príncipe apresenta-se como árbitro supremo entre as ordens e os corpos. Deve impor a sua vontade aos mais poderosos de seus súditos. Consegue-o na medida em que esses necessitam dessa arbitragem.” (André Corvisier, HISTÓRIA MODERNA.)
Esta é uma das caracterizações possíveis
a) dos governos coloniais da América.
b) das relações entre fiéis e as Igrejas Protestantes.
c) do Império Carolíngio.
d) dos califados islâmicos.
e) das monarquias absolutistas.
15)”Em 1726, o comerciante Francisco da Cruz contou, em uma carta, que estava para fazer uma viagem à Vila de Pitangui, onde os paulistas tinham acabado de se revoltar contra a ordem do rei. Temeroso de enfrentar os perigos que cercavam a jornada, escreveu ao grande comerciante português de quem era apenas um representante em Minas Gerais, chamado Francisco Pinheiro, e que, devido a sua importância e riqueza, frequentava, no Reino, a corte do rei Dom João V. Pedia, nessa carta, que, por Francisco Pinheiro estar mais junto aos céus, servisse de seu intermediário e lhe fizesse o favor de “me encomendar a Deus e à sua Mãe Santíssima, para que me livrem destes perigos e de outros semelhantes”. Carta 161, Março 29, f. 194. Apud LISANTI FILHO, Luís. Negócios coloniais: uma correspondência comercial do século XVIII. Brasília/São Paulo: Ministério da Fazenda/Visão Editorial, 1973. Resumo adaptado
Com base nas informações desse texto, é possível concluir-se que a iniciativa de Francisco da Cruz revela um conjunto de atitudes típicas da época moderna. É correto afirmar que essas atitudes podem ser explicitadas a partir da teoria estabelecida por:
a)Nicolau Maquiavel, que acreditava que, para se alcançar a unidade na política de uma nação, todos os fins justificam os meios;
b)Etienne de La Boétie, que sustentava que os homens se submetiam voluntariamente a seus soberanos a partir da aceitação do contrato social;
c)Thomas Morus, que idealizou uma sociedade utópica, sem propriedades ou desigualdades, em que os governantes eram escolhidos democraticamente;
d)Jacques Bossuet, que defendia o direito divino dos reis apoiado numa visão hierárquica dos homens e da política, como extensão da corte celestial.